O lenço de pescoço de cor vermelha, usado atualmente pelos gaúchos, já foi utilizado como bandeira política nas Revoluções de 1893 e 1923. Já na Revolução Farroupilha não havia esse simbolismo, sendo o lenço mais uma peça decorativa a ser exposta nos ambientes fechados do que parte integrante de indumentária da época. O que havia era o "Tope Nacional", que de acordo com o decreto presidencial de 12 de novembro de 1836, assim estava regulado: "O Tope Nacional do Estado Rio-Grandense será de forma circular, contendo as três cores Nacionais, dispostas como se segue: uma orla verde de largura de quatro linhas, outra escarlate com igual dimensão, formando a outra um botão de ouro, sem algum valor" (MARIANTE, Helio Moro. Chimangos e Pica-Paus. Porto Alegre: Martins Livreiro Ed., 1987, p. 80). Portanto, não há que se confundir lenço farroupilha com o lenço gaúcho de pescoço dos maragatos. Já nos dias atuais, o uso do lenço vermelho pelos peões gaúchos sul-brasileiros geralmente se dá mais pela preferência da tonalidade da cor do que por questões político-filosóficas. Mas não se pode negar que ainda há muitos gaúchos que se identificam na cor encarnada do lenço que trazem atado no pescoço, por serem simpatizantes dos ideais que fundamentaram a luta dos Maragatos de 1893 e 1923. Nesses casos, o lenço vermelho ainda mantém, nos dias presentes, uma inegável conotação ideológica. Dessa forma, revelando uma linha de pensamento similar àquela dos partidários do antigo Partido Federalista sul-rio-grandense, o lenço colorado segue mantendo, entre muitos gaúchos brasileiros, os mesmos posicionamentos filosóficos e históricos dos ideais maragatos de antanho. Na maioria dos casos, no entanto, o uso do lenço vermelho é explicado devido ao seu resplendor; ao brilho intenso e vivaz de sua cor rubra. Além disso, o fato de o gaúcho usar camisas em cores claras, por tradição, faz com que o lenço encarnado, assim como os azuis, verdes, amarelos ou carijós, contraste mais com esse tipo de indumentária do que um lenço branco, por exemplo. Este, igualmente, é muito usado, seja por mera decorrência da cor ou, igualmente, em virtude de uma afinidade com a corrente político-filosófica republicana dos chimangos e suas idéias positivistas. De qualquer forma, seja pela tonalidade ou pela ideologia, o gaúcho tradicionalista, ao ostentar o seu tradicional lenço gaúcho sul-rio-grandense de pescoço deve procurar evitar as distorções histórico-culturais provocadas pelos modismos de mercado, suas importações e seus econômicos interesses. O lenço gaúcho tem sido, ao longo do tempo, usado diretamente por sobre o pescoço e com as suas pontas dispostas por sobre a camisa. E assim tem sido retransmitido, de pai para filho, por tradição, desde que os gaúchos do Rio Grande deixaram de revelar, orgulhosos, as suas bandeiras de luta sobre o peito. E para atar o lenço de pescoço utiliza-se um dos nós tradicionais ou tradicionalista-históricos registrados na Cultura Regionalista-tradicional Gaúcha Sul-rio-grandense, conforme o uso da região do usuário ou a preferência pessoal do peão, quando este estiver fora do território sul-rio-grandense. Os passadores de lenço, uma influência dos birivas paulitas e oriundos dos texanos norte-americanos, por não terem sido do uso corrente entre os gaúchos brasileiros nem transmitidos de pais para filhos, de forma espontânea e contínua, ao longo do tempo, até os dias atuais, como se deu com os de lenços gaúchos tradicionais sul-rio-grandenses, não podem, portanto, ser considerados do uso tradicional e, por conseqüência, não devem ser utilizados para unir as duas pernas do lenço gaúcho sul-brasileiro, devendo este ser atado com um dos nós da Tradição Gaúcha do Rio Grande do Sul. Assim, o uso correto do lenço de pescoço dos Gaúchos Sul-brasileiros - seja o maragato ou o chimango, seja os verdes, azuis, amarelos ou carijós, mas nunca os da cor preta ou os estampados, floriados -, é ato que valoriza a Cultura Regionalista Gaúcha Tradicional Sul-brasileira. Com o uso correto do tradicional lenço gaúcho de pescoço sul-rio-grandense, os Tradicionalistas estarão bem cumprindo os seus papéis de zeladores dos autênticos usos e costumes da Tradição Gaúcha Brasileira; de preservadores das autênticas Tradições dos Gaúchos Campeiros do Rio Grande do Sul, esse rico Patrimônio Cultural-regionalista pertencente ao Rio Grande, ao Brasil e a todo o Povo Brasileiro!
Fonte: http://www.bombachalarga.org/ver_materia.php?id=261
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